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Pesquisa

O aborto e a sociedade

.1.
Octávio Caúmo Serrano
O espírita jamais poderá ser favorável ao aborto, independente das circunstâncias, porque conhece a vasta programação que envolve um nascimento na Terra. Preparação de novo corpo, com base no passado daquele espírito, defeitos a serem combatidos e virtudes a serem mais extensamente exercitadas fazem parte do esquema de uma nova encarnação.

O aborto, quando consumado, destrói todo esse esquema, frustrando o espírito que se preparou para o novo nascimento, muitas vezes, depois de ser convencido a fazê-lo, por muito tempo.
Os defensores do planejamento familiar, desconhecendo as leis maiores e fundamentando-se, simplesmente, no plano material, insistem que as pessoas não podem ter muitos filhos porque não conseguem mantê-los, alimentá-los, instruí-los e educá-los, porque ganham salário pequeno e ficam distantes do lar, todo o tempo, na defesa da manutenção e da sobrevivência.

Evidentemente, para essas crianças, o futuro é sempre menos risonho. Comem mal, vestem-se mal e ficam jogados à própria sorte, contando com a sua própria índole para ser alguém de bom caráter, ou não.
Temos de analisar, por outro lado, que as pessoas de mais poder aquisitivo, mais bem postas na vida, não criam filhos para serem operários. Os filhos de rico têm de ser doutores. Mas se esquecem de que quem arruma a casa onde vivem, fazem a comida que eles comem e cuidam das roupas que seus filhos vestem, ou dirigem as vans que levam as crianças para a escola não são os doutores.

Quem coleta o lixo e as sobras das casas, quem entrega os remédios, as pizzas, as correspondências e encomendas, não são doutores; são operários que, apesar da vida dura, sustentam seus lares e, um pouco melhor ou pior, podem também dar aos filhos – até como exemplos e mais do que conversas – seguras orientações, para que sejam pessoas de bem.
Devemos considerar, ainda, sob a ótica das reencarnações sucessivas, que o fracassado rico de ontem pode ter aceitado viver, com dificuldade, esta nova etapa da sua eternidade espiritual, para experimentar na pele os testes mais difíceis.

Emmanuel foi um senador romano, para, depois, renascer como um escravo egípcio. Como Públius Lentulus, o senador de Roma cresceu menos, espiritualmente, que como Nestório, um anônimo serviçal em terras do Egito. A posição social nada tem a ver com a posição espiritual. Daí, muitas vezes, o filho estar acima do pai, e o empregado, acima do patrão, se analisados quanto ao degrau espiritual em que se encontram.
Se o aborto, em nenhuma circunstância, justifica-se, porque devemos sempre deixar as pessoas virem ao mundo, assim como, um dia, também nos deixaram nascer, sabe-se lá em que situação, com o entendimento trazido pelo Espiritismo, e aí é que o aborto perde totalmente o sentido.

Quando os governos defendem a realização do aborto, fazem-no por questões meramente econômicas. É mais barato expulsar um feto do ventre da mãe que acompanhá-la com pré-natal, fazer o parto, vacinar e alimentar a criança, pô-la numa escola, com os gastos da merenda escolar, ou criar creches para mantê-las, enquanto os pais cuidam da sobrevivência. Matá-la é muito mais barato. Por isso, os governos preferem a morte à vida.
Como espíritas, digamos não ao aborto, incondicionalmente!





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